segunda-feira, 20 de março de 2017

Dia Internacional da Felicidade, isso existe?

Desde de 2012, comemora-se a Dia Internacional da Felicidade. A data foi instituída pela ONU durante a RIO+20 e é inspirada no FIB (índice de Felicidade Interna Bruta), usado no lugar do PIB desde 1972 pelo Butão. A resolução que aprova a data comemorativa parte do reconhecimento de que:
- a busca da felicidade é um objetivo fundamentalmente humano;
- essa busca de felicidade e bem-estar precisa ser reconhecida em políticas públicas;
- e que, portanto, é preciso admitir a necessidade de uma abordagem mais inclusiva, equitativa e balanceada de crescimento econômico, que promova desenvolvimento sustentável, erradicação da pobreza, felicidade e bem-estar a todos os povos.
Algumas vezes, parece que paramos no tempo, que não avançamos nestas discussões. Aproveitamos, então, o dia para dar a dica de dois livros que podem nos ajudar a pensar por que sentimos que, quanto mais corrermos atrás da felicidade, mais ela se afasta de nós.

O primeiro é A Felicidade Paradoxal, de Gilles Lipovetsky, publicado aqui no Brasil em 2007 pela Companhia Das Letras. No livro, o autor vai fazer um histórico da evolução do consumo no capitalismo, que ele divide em três fases: o surgimento do mercado de massas (marcado pela ampliação da produção), a sociedade de consumo de massa (marcada pelo desejo de “ter”, pelo consumo como forma de ostentação) e o hiperconsumo. No hiperconsumo, fase em que vivemos, “queremos objetos ‘para viver’, mais que objetos para exibir. O filósofo vai se perguntar:

Como se explica, ao mesmo tempo, que a melhoria contínua das condições de vida material não ocasione de modo algum a redução do ‘mal-estar na civilização’? O paradoxo maior, ei-lo: as satisfações vividas são mais numerosas do que nunca, a alegria de viver fica estagnada ou até recua; a felicidade parece continuar inacessível enquanto temos, ao menos aparentemente, mais oportunidades de lhe colher os frutos.

A esse conjunto de paradoxos, Lipovetsky chama de Felicidade Paradoxal.

O segundo livro que recomendamos fortemente é A Euforia Perpétua, de Pascal Bruckner. O filosofo é também conhecido pelo romance A Lua de Fel, que inspirou o cultuado filme de mesmo nome dirigido por Roman Polanski. Publicado em 2000 e trazido ao Brasil em 2002 pela Difel, A Euforia Perpétua é uma antiapologia à felicidade. Para o autor, a máxima “Sejamos felizes!” é uma obrigação que resulta no seu exato oposto. “Por trás desta aparência de amabilidade, existe injunção mais paradoxal, mais terrível? Ela formula um comando ao qual é muito difícil escapar justamente por ser desprovido de objeto.”
Pascal Bruckner se pergunta como o “direito à felicidade” pôde ser transformado em dogma. É disto que falará o livro, sobre essa “ideologia própria da segunda metade do séc. XX, que obriga a que tudo seja avaliado pelo ângulo do prazer e da contrariedade, intimação à euforia que expõe à vergonha e ao mal-estar os que não aderiram a ela”.


Achamos que é preciso, então, terminar com a frase que encerra a introdução do livro, pois a encaramos como lema para fugir dessa perseguição insana: “eu amo demais a vida para querer apenas ser feliz!”.


sexta-feira, 17 de março de 2017

O que ler no St. Patrick' Day

Dia de são Patrício, patrono da Irlanda, por que não aproveitar e conhecer os autores do país? Para além dos canônicos Oscar Wilde, James Joyce, Lawrence Stern e Samuel Beckett, resolvemos listar nomes da literatura irlandesa contemporânea:

- John Banville, premiado escritor nascido em 1945 cuja escrita é caracteriza pela inventividade e pela acidez de seus protagonistas. O selo Biblioteca Azul, da editora Globo, publicou O Sudário. O romance conta a história de Alex Vander, acadêmico reconhecido mundialmente, mas que tem um passado obscuro.
- Sebastian Berry nasceu em 5 de julho de 1955 em Dublin. Seu romance Escritos Secretos, publicado no Brasil pela Bertrand, ganhou em 2008 o Costa Book of the Year. A obra conta a relação de uma senhora centenária presa num sanatório há pelo menos cinquenta anos e que, secretamente, escreve sua autobiografia, e Dr. Grene, responsável pelo hospital e que, com a iminente demolição do prédio, precisa decidir que pacientes serão transferidos e quais serão liberados na comunidade.

- Colm Tóibín nasceu numa pequena cidade do condado de Wexford em 1955. É largamente premiado e já tem alguns romances traduzidos aqui no Brasil, majoritariamente pela Companhia Das Letras. Vale destacar o polêmico Testamento de Maria, que conta a história de Maria, mãe de Jesus, no exílio em Éfeso.




- William Trevor, nascido no condado de Cork em 1928, morreu em novembro do ano passado. Ganhou três vezes o Whitbread Book Awards, conhecido desde 2006 como Costa Book Award, e notabilizou-se como contista. Em 2002, o autor lançou A História de Lucy Gault, publicado pelo selo Biblioteca Azul aqui no Brasil em 2014. Na obra, acompanhamos setenta anos da história de Lucy, do começo dos anos 1920 até o começo do século XXI.


Gostaríamos de listar mais um nome importante e cuja obra está esgotada no Brasil, ou sequer foi traduzida:

- Patrick McCabe tem uma literatura cortante e violenta, com temáticas extremamente contemporâneas. Dois romances seus se destacam: The Butcher Boy, que chegou até nós pela Geração Editorial com o nome de Nó na Garganta (mas está esgotado), e Breakfast on Pluto, nunca traduzido em terras brasileiras, mas que pudemos ver nos telões no filme de mesmo nome, estrelado Cillian Murphy e dirigido por Neil Jordan. Neil Jordan e Patrick McCabe já haviam trabalhado juntos na versão cinematográfica de The Butcher Boy, em 1997.



quarta-feira, 4 de abril de 2012

Resenha de Occupy, lançado pela Boitempo Editorial


Occupy discute dilemas do movimento
ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO
Crítica Artigos, Folha de São Paulo, 04 de abril de 2012. [disponível para assinantes em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/35061-occupy-discute-dilemas-do-movimento.shtml)

Coletânea faz um retrato em grande-angular dos protestos que surpreenderam o mundo

Desemprego em alta, salários em queda. Governos salvando bancos e arrochando populações. Escassez de democracia e desencanto com a política partidária.
Com esse pano de fundo, multidões foram às ruas em cidades tão díspares como Cairo, Atenas, Madri, Nova York, Santiago e Londres.
Buscando analisar esses movimentos distintos, filósofos, sociólogos, historiadores e jornalistas de esquerda (Tariq Ali, David Harvey, Slavoj Zizek, entre outros) escrevem em "Occupy". São 11 textos curtos e engajados. Tentam identificar conexões entre os protestos e discutir os seus dilemas futuros.
Muitos foram feitos no calor das manifestações e guardam o tom apaixonado dos discursos. A maioria já havia sido editada antes em sites, blogs e outras publicações.
Mas a falta de ineditismo não tira o interesse da coletânea, que também traz fotos e pôsteres dos atos públicos.
Da Universidade da Califórnia, Mike Davis fornece alguns dados: 4,5 milhões de empregos industriais perdidos nos Estados Unidos desde 2000; metade do patrimônio líquido dos afro-americanos evaporou desde 1987 – para os latinos, a perda foi de dois terços.
Davis se lembra de quando ele planejou, em 1965, na esteira do movimento pelos direitos civis nos EUA, a invasão do prédio do Chase Manhattan Bank, em Nova York, então tido como "parceiro do apartheid" sul-africano. Sua comparação: "Nossa ocupação há 46 anos foi uma incursão de guerrilheiros; a de agora é uma Wall Street sob o cerco dos liliputianos".
Para o sociólogo Immanuel Wallerstein, doutor pela Universidade Columbia, é preciso pensar nos desdobramentos dos protestos: "Para transformar o mundo, a esquerda mundial precisará de um grau de unidade política que ainda não alcançou", escreve. Aí entra o debate sobre participação em partidos e eleições. Afinal, apesar da multidão na praça, a direita ganhou na Espanha.
No mesmo diapasão, o filósofo Vladimir Safatle, colunista da Folha, afirma: "Talvez os manifestantes tenham entendido que a democracia parlamentar é incapaz de impor limites e resistir aos interesses do sis­tema financeiro".
No entanto, argumenta que esse cansaço em relação aos partidos convencionais "não é sinal do esgotamento da política", mas de "uma demanda de politização da economia".
No conjunto, o livro tenta fazer um sobrevoo nos protestos, mas carece de informações mais detalhadas sobre a diversidade enorme entre os movimentos.
Não analisa o perfil dos manifestantes nem de suas relações com partidos e com movimentos sindicais.
Na Grécia e em Portugal, por exemplo, é forte a presença de partidos comunistas. No Egito, a Irmandade Muçulmana é personagem essencial. Nos EUA, uma ação conjunta entre o Occupy e os sindicatos paralisou o porto de Oakland (Califórnia). A obra não mergulha em nada disso.
A coletânea pode ser considerada incompleta, mas tem o mérito de apontar as principais linhas para fazer um retrato em grande-angular dos movimentos que surpreenderam o mundo.
E que prometem continuar, apesar das desocupações e desmobilizações. Basta ver o que aconteceu na Espanha no fim de março.

OCCUPY
AUTORES Slavoj Zizek, Tariq Ali, Vladimir Safatle e outros
TRADUÇÃO João Alexandre Peschanski, Lucas Morais e outros
EDITORA Boitempo e Carta Maior
QUANTO R$ 10 (papel; 88 págs.) e R$ 5 (e-book)
AVALIAÇÃO bom

Leia trecho do livro em
folha.com/no1071085

terça-feira, 15 de novembro de 2011

''Podemos mudar o mundo imitando as borboletas''. Artigo de Zygmunt Bauman

Para construir uma verdadeira comunidade, não ignoremos os pequenos gestos. A globalização negativa não considera hábitos e necessidades locais. Abraça poderes como as finanças e o capital. Há um grande número de mulheres e homens corajosos que podem mudar a história. Ajudemo-los a bater as asas.
A opinião é do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em artigo publicado no jornal La Repubblica, 14-11-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Em que mundo eu gostaria de viver? Na verdade, não posso dizer muito. Isso porque, em primeiro lugar, em 60 anos de empenho na sociologia, nunca fui bom em profetizar. Em segundo lugar, no fim de uma vida imperdoavelmente longa, a única definição de boa sociedade que eu encontrei diz que uma boa sociedade é tal se acredita não ser suficientemente boa. Portanto, prefiro me concentrar não tanto no mundo em que queremos viver, mas sim no mundo em que devemos viver, simplesmente porque não temos outros mundos para os quais escapar. Refiro-me a uma citação de Karl Marx, que afirmava que as pessoas fazem a sua própria história, mas não nas condições escolhidas por elas. Todas as vezes que eu a ouço, lembro-me também de uma historinha irlandesa que nos fala de um motorista, que para o seu carro e pergunta a um transeunte: "Desculpe-me, senhor, poderia me dizer por gentileza como posso chegar a Dublin a partir daqui?". O transeu nte para, coça a cabeça e depois de um tempo responde: "Bem, caro senhor, se eu tivesse que ir a Dublin não começaria daqui". Este é o problema: infelizmente, estamos começando daqui e não temos nenhum outro lugar de onde partir.
Portanto, pretendo sublinhar como o mundo do qual partimos "voltados para Dublin", seja lá o que Dublin queira dizer, está cheio de desafios e de tarefas urgentes, substancialmente improcastináveis. Penso que, se o século XX foi a época em que as pessoas se perguntavam "o que" precisava ser feito, o século XXI será cada vez mais a era em que as pessoas farão a pergunta sobre "quem" fará o que deve ser feito.
Existe uma discrepância entre os objetivos e os meios à nossa disposição. Meios que foram criados pelos nossos antepassados, que deram vida ao Estado-nação e o dotaram e armaram de muitas instituições extremamente importantes, feitas à medida do Estado-nação. No que se refere ao Estado-nação, ele era verdadeiramente o ápice da ideia de autogoverno e de soberania, a ideia de estar em casa, e assim por diante. Acima de tudo, o Estado-nação era um meio confiável e impecável de ação coletiva, instrumento para alcançar os objetivos sociais coletivos.
Acreditava-se nisso para além da diferença entre "direita" e "esquerda". O Estado-nação era capaz de implementar as ideias vencedoras. Por que era assim? Porque o Estado-nação era considerado, e em grande parte o foi por bastante tempo na história, a fazenda do poder e da política. O matrimônio entre poder e política é um casamento celebrado no céu, nenhum homem pode destruí-lo. Poder significa habilidade em fazer as coisas. Política significa habilidade em dirigir essa atividade de fazer as coisas, indicando quais coisas devem ser feitas.
Ora, o que está acontecendo hoje é a indubitável separação, uma perspectiva de divórcio, entre poder e política. Poder que evapora no ciberespaço e que se manifesta naquilo que eu chamo de "globalização negativa". Negativa no sentido de que se aplica a todos os aspectos da vida social que têm uma coisa em comum: trata-se do enfraquecimento, a erosão, a não consideração dos hábitos locais, das necessidades locais. A "globalização negativa" abraça poderes como as finanças, o capital, o comércio, a informação, a criminalidade, o tráfico de drogas e de armas, o terrorismo etc. Ela não é seguida pela "globalização positiva". Em nível global, não temos nada de remotamente semelhante à eficácia do instrumento do controle político sobre o poder, da expressão da vontade popular, isto é, da representação e da jurisdição, realidades que se desenvolveram e foram bloqueadas no nível do Estado-nação.
À luz dessa discrepância, todas as vezes em que ouço o conceito de "comunidade internacional", eu choro e rio ao mesmo tempo. Nós ainda nem começamos a construí-la. Os nossos problemas são verdadeiramente globais, mas só possuímos os meios locais para enfrentá-los; e eles são despudoradamente inadequados para a tarefa. Por isso a pergunta que eu sugiro provavelmente é questão de vida ou de morte para o século XXI. Quem vai se ocupar disso? Essa será a questão.
Eu não tenho a resposta a essa pergunta, só posso propor algumas palavras de encorajamento. Edward Lorenz é bastante conhecido pela sua tremenda descoberta de que até os eventos mais pequenos, minúsculos e irrelevantes poderiam – dado o tempo, dada a distância – se desenvolver em catástrofes enormes e chocante. A descoberta de Lorenz é conhecida na alegoria de uma borboleta, em Pequim, que sacudia suas asas e mudava o percurso dos furacões no Golfo do México seis meses depois. Essa ideia foi recebida com horror, porque ia contra a natureza da nossa convicção de que podemos ter pleno conhecimento do que virá depois. Ele ia contra a teoria do tudo. De que podemos conhecer, prever, até mesmo criar, se necessário, com a nossa tecnologia, o mundo.
Lembro que nessa descoberta de Lorenz também há um vislumbre de esperança e é muito importante. Consideremos o que uma borboleta sabe fazer: uma grande quantidade de coisas. Não ignoremos os pequenos movimentos, os desenvolvimentos minoritários, locais e marginais. A nossa imaginação vai longe, além da nossa habilidade de fazer e arruinar coisas. Na nossa história humana, tivemos um número relevante de mulheres e de homens corajosos, que, como borboletas, mudaram a história de maneira radical e positiva. De verdade. O único conselho que posso dar, então: olhemos para as borboletas, são de várias cores, felizmente são muito numerosas. Ajudemo-las a bater as suas asas.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Wikidemocracia, a reforma política

PEDRO VIEIRA ABRAMOVAY

O que parecia ser algo apenas utópico pode se tornar real se soubermos aproveitar as inovações tecnológicas para a verdadeira reforma política


As praças espanholas estão lotadas de jovens protestando contra o sistema político. É claro que o desemprego causado pela crise econômica é um fator importante para essa mobilização. Mas o grande diferencial é que os jovens não pedem apenas por mais emprego.
Pedem por mais democracia. Pedem para que a política se transforme a partir da internet.
Debater a política a partir da internet não tem nada a ver com políticos criando blogs. Mas, seja no Egito, na Espanha ou em Higienópolis, as manifestações recentes nos mostram a força de mobilização contida nas redes sociais.
O jurista americano Yochai Benkler mostrou ao mundo que a riqueza da rede está justamente na possibilidade de criar inovações coletivamente. Não é à toa que a principal enciclopédia do mundo é feita a partir de uma construção colaborativa: a Wikipédia.
É chegada a hora de pensarmos em uma wikidemocracia.
O Ministério da Justiça, por exemplo, elaborou um projeto de lei para definir direitos dos cidadãos na internet, a partir de uma discussão inteiramente colaborativa, feita na rede.
Pela primeira vez pôde-se acompanhar os argumentos e negociações da confecção de um projeto de lei de forma pública e transparente, além de a participação ter contado com atores que nunca poderiam fazer seus argumentos chegarem ao debate. Essa é uma das possibilidades que uma profunda reforma da política pode nos apresentar.
Para dar início a uma transformação que consiga dar vazão às mobilizações políticas presentes nas redes sociais e aproveitar a força criativa aí existente na elaboração das políticas públicas há uma agenda delineada -e sempre aberta a ser reconstruída de forma pública. Essa agenda passa por quatro pontos, descritos a seguir.
1 - Amplo acesso a informações. Para que os diálogos públicos possam acontecer sem assimetrias é fundamental que as informações sob guarda do Estado sejam amplamente publicizadas, de forma a gerar não só controle sobre ação estatal, mas também criar o terreno para que ideias inovadoras apareçam. Para isso, é fundamental a aprovação do PLC nº 41/2010, projeto de lei que obriga o governo a divulgar ativamente seus dados.
2 - Acesso ao conhecimento. Não é possível construir espaço de debate público se não se promover uma revolução no acesso ao conhecimento; é fundamental debater limites ao direito autoral e às normas de propriedade intelectual.
3 - Proteção da privacidade. Em uma época em que os dados pessoais podem se tornar públicos com a violência que vemos hoje, é fundamental uma legislação moderna sobre proteção à privacidade. Há hoje um projeto de proteção de dados pessoais que o Ministério da Justiça debate com a sociedade; é fundamental sua aprovação.
4 - Ampliação dos espaços de construção colaborativa de políticas públicas. O projeto de lei sobre a internet é um bom exemplo, mas iniciativas assim devem ser multiplicadas. É possível criar uma cultura de debate público entre os cidadãos e entre eles e os governos, que possa realmente ser aberto a novas ideias, sendo também público e conectado com a mobilização da sociedade civil.
A geração que hoje está no poder foi politicamente forjada na lógica do conflito: não havia adversários, mas inimigos. A geração que se formou politicamente na vigência da Constituição cidadã deve construir uma política a partir do diálogo.
Um diálogo que não ignore os conflitos reais de opinião e de visão de mundo e que inclua a pluralismo como um valor central.
O que parecia ser algo apenas utópico pode se tornar real se soubermos aproveitar as inovações tecnológicas para pensarmos em uma verdadeira reforma política.

PEDRO VIEIRA ABRAMOVAY é advogado e professor da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Fonte: Folha de São Paulo, “Tendências e debates”, 15/06/2011.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Polêmica "nós pega os peixe" II

Segue link para trecho do livro de Heloísa Ramos, Para viver melhor.
Leiam e comprovem:
http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/V6Cap1.pdf