Desde de 2012, comemora-se a Dia Internacional da Felicidade.
A data foi instituída pela ONU durante a RIO+20 e é inspirada no FIB (índice de
Felicidade Interna Bruta), usado no lugar do PIB desde 1972 pelo Butão. A
resolução que aprova a data comemorativa parte do reconhecimento de que:
- a busca da felicidade é um objetivo fundamentalmente
humano;
- essa busca de felicidade e bem-estar precisa ser
reconhecida em políticas públicas;
- e que, portanto, é preciso admitir a necessidade de uma
abordagem mais inclusiva, equitativa e balanceada de crescimento econômico, que
promova desenvolvimento sustentável, erradicação da pobreza, felicidade e
bem-estar a todos os povos.
Algumas vezes, parece que paramos no tempo, que não
avançamos nestas discussões. Aproveitamos, então, o dia para dar a dica de dois
livros que podem nos ajudar a pensar por que sentimos que, quanto mais corrermos atrás da felicidade, mais ela se afasta
de nós.
O primeiro é A Felicidade Paradoxal, de Gilles Lipovetsky,
publicado aqui no Brasil em 2007 pela Companhia Das Letras. No livro, o autor
vai fazer um histórico da evolução do consumo no capitalismo, que ele divide em
três fases: o surgimento do mercado de massas (marcado pela ampliação da
produção), a sociedade de consumo de massa (marcada pelo desejo de “ter”, pelo
consumo como forma de ostentação) e o hiperconsumo. No hiperconsumo, fase em que
vivemos, “queremos objetos ‘para viver’, mais que objetos para exibir. O
filósofo vai se perguntar:
Como se explica, ao mesmo tempo, que a melhoria contínua das
condições de vida material não ocasione de modo algum a redução do ‘mal-estar
na civilização’? O paradoxo maior, ei-lo: as satisfações vividas são mais
numerosas do que nunca, a alegria de viver fica estagnada ou até recua; a
felicidade parece continuar inacessível enquanto temos, ao menos aparentemente,
mais oportunidades de lhe colher os frutos.
A esse conjunto de paradoxos, Lipovetsky chama de Felicidade
Paradoxal.
O segundo livro que recomendamos fortemente é A Euforia
Perpétua, de Pascal Bruckner. O filosofo é também conhecido pelo romance A Lua de Fel, que inspirou o cultuado filme de mesmo nome dirigido por Roman Polanski. Publicado em 2000 e trazido ao Brasil em
2002 pela Difel, A Euforia Perpétua é uma antiapologia à felicidade. Para o
autor, a máxima “Sejamos felizes!” é uma obrigação que resulta no seu exato
oposto. “Por trás desta aparência de amabilidade, existe injunção mais paradoxal, mais terrível? Ela
formula um comando ao qual é muito difícil escapar justamente por ser
desprovido de objeto.”
Pascal Bruckner se pergunta como o “direito à felicidade”
pôde ser transformado em dogma. É disto que falará o livro, sobre essa “ideologia
própria da segunda metade do séc. XX, que obriga a que tudo seja avaliado pelo
ângulo do prazer e da contrariedade, intimação à euforia que expõe à vergonha
e ao mal-estar os que não aderiram a ela”.
Achamos que é preciso, então, terminar com a frase que encerra
a introdução do livro, pois a encaramos como lema para fugir dessa perseguição
insana: “eu amo demais a vida para querer apenas ser feliz!”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário