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quinta-feira, 30 de março de 2017
segunda-feira, 20 de março de 2017
Dia Internacional da Felicidade, isso existe?
Desde de 2012, comemora-se a Dia Internacional da Felicidade.
A data foi instituída pela ONU durante a RIO+20 e é inspirada no FIB (índice de
Felicidade Interna Bruta), usado no lugar do PIB desde 1972 pelo Butão. A
resolução que aprova a data comemorativa parte do reconhecimento de que:
- a busca da felicidade é um objetivo fundamentalmente
humano;
- essa busca de felicidade e bem-estar precisa ser
reconhecida em políticas públicas;
- e que, portanto, é preciso admitir a necessidade de uma
abordagem mais inclusiva, equitativa e balanceada de crescimento econômico, que
promova desenvolvimento sustentável, erradicação da pobreza, felicidade e
bem-estar a todos os povos.
Algumas vezes, parece que paramos no tempo, que não
avançamos nestas discussões. Aproveitamos, então, o dia para dar a dica de dois
livros que podem nos ajudar a pensar por que sentimos que, quanto mais corrermos atrás da felicidade, mais ela se afasta
de nós.
O primeiro é A Felicidade Paradoxal, de Gilles Lipovetsky,
publicado aqui no Brasil em 2007 pela Companhia Das Letras. No livro, o autor
vai fazer um histórico da evolução do consumo no capitalismo, que ele divide em
três fases: o surgimento do mercado de massas (marcado pela ampliação da
produção), a sociedade de consumo de massa (marcada pelo desejo de “ter”, pelo
consumo como forma de ostentação) e o hiperconsumo. No hiperconsumo, fase em que
vivemos, “queremos objetos ‘para viver’, mais que objetos para exibir. O
filósofo vai se perguntar:
Como se explica, ao mesmo tempo, que a melhoria contínua das
condições de vida material não ocasione de modo algum a redução do ‘mal-estar
na civilização’? O paradoxo maior, ei-lo: as satisfações vividas são mais
numerosas do que nunca, a alegria de viver fica estagnada ou até recua; a
felicidade parece continuar inacessível enquanto temos, ao menos aparentemente,
mais oportunidades de lhe colher os frutos.
A esse conjunto de paradoxos, Lipovetsky chama de Felicidade
Paradoxal.
O segundo livro que recomendamos fortemente é A Euforia
Perpétua, de Pascal Bruckner. O filosofo é também conhecido pelo romance A Lua de Fel, que inspirou o cultuado filme de mesmo nome dirigido por Roman Polanski. Publicado em 2000 e trazido ao Brasil em
2002 pela Difel, A Euforia Perpétua é uma antiapologia à felicidade. Para o
autor, a máxima “Sejamos felizes!” é uma obrigação que resulta no seu exato
oposto. “Por trás desta aparência de amabilidade, existe injunção mais paradoxal, mais terrível? Ela
formula um comando ao qual é muito difícil escapar justamente por ser
desprovido de objeto.”
Pascal Bruckner se pergunta como o “direito à felicidade”
pôde ser transformado em dogma. É disto que falará o livro, sobre essa “ideologia
própria da segunda metade do séc. XX, que obriga a que tudo seja avaliado pelo
ângulo do prazer e da contrariedade, intimação à euforia que expõe à vergonha
e ao mal-estar os que não aderiram a ela”.
Achamos que é preciso, então, terminar com a frase que encerra
a introdução do livro, pois a encaramos como lema para fugir dessa perseguição
insana: “eu amo demais a vida para querer apenas ser feliz!”.
sexta-feira, 17 de março de 2017
O que ler no St. Patrick' Day
Dia de são Patrício, patrono da Irlanda, por que não
aproveitar e conhecer os autores do país? Para além dos canônicos Oscar Wilde,
James Joyce, Lawrence Stern e Samuel Beckett, resolvemos listar nomes da
literatura irlandesa contemporânea:
- John Banville, premiado escritor nascido em 1945 cuja escrita
é caracteriza pela inventividade e pela acidez de seus protagonistas. O selo
Biblioteca Azul, da editora Globo, publicou O Sudário. O romance conta a
história de Alex Vander, acadêmico reconhecido mundialmente, mas que tem um
passado obscuro.
- Sebastian Berry nasceu em 5 de julho de 1955 em Dublin.
Seu romance Escritos Secretos, publicado no Brasil pela Bertrand, ganhou em
2008 o Costa Book of the Year. A obra conta a relação de uma senhora centenária
presa num sanatório há pelo menos cinquenta anos e que, secretamente, escreve sua
autobiografia, e Dr. Grene, responsável pelo hospital e que, com a iminente
demolição do prédio, precisa decidir que pacientes serão transferidos e quais
serão liberados na comunidade.
- Colm Tóibín nasceu numa pequena cidade do condado de
Wexford em 1955. É largamente premiado e já tem alguns romances traduzidos aqui
no Brasil, majoritariamente pela Companhia Das Letras. Vale destacar o polêmico
Testamento de Maria, que conta a história de Maria, mãe de Jesus, no exílio em
Éfeso.
- William Trevor, nascido no condado de Cork em 1928, morreu
em novembro do ano passado. Ganhou três vezes o Whitbread Book Awards,
conhecido desde 2006 como Costa Book Award, e notabilizou-se como contista. Em
2002, o autor lançou A História de Lucy Gault, publicado pelo selo Biblioteca
Azul aqui no Brasil em 2014. Na obra, acompanhamos setenta anos da história de Lucy, do
começo dos anos 1920 até o começo do século XXI.
Gostaríamos de listar mais um nome importante e cuja
obra está esgotada no Brasil, ou sequer foi traduzida:
- Patrick McCabe tem uma literatura cortante e violenta, com
temáticas extremamente contemporâneas. Dois romances seus se destacam: The
Butcher Boy, que chegou até nós pela Geração Editorial com o nome de Nó na
Garganta (mas está esgotado), e Breakfast on Pluto, nunca traduzido em terras
brasileiras, mas que pudemos ver nos telões no filme de mesmo nome, estrelado Cillian
Murphy e dirigido por Neil Jordan. Neil Jordan e Patrick McCabe já haviam
trabalhado juntos na versão cinematográfica de The Butcher Boy, em 1997.
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